Ricardo Silva (PSD) foi eleito Prefeito de Ribeirão Preto em disputa decidida por menos de 700 votos
Às 19:01 do domingo, 27 de outubro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encerrou a apuração de 100% das urnas eletrônicas em Ribeirão Preto, foi só assim que a população do município pode confirmar que Ricardo Silva (PSD) havia sido eleito prefeito.
Ricardo Silva obteve 50,13% dos votos válidos, totalizando 131.421 votos. Marco Aurélio Martins (Novo) recebeu 49,87% dos votos, um total de 130.734 eleitores. A diferença entre os candidatos foi de 687 votos, uma das eleições mais acirradas da história de Ribeirão Preto. “Nada em nossa vida é fácil. Essa vitória dá um recado que da cidade de Ribeirão Preto. Essa vitória dá um recado para mim também: que eu tenho a obrigação de fazer o melhor governo da história dessa cidade. Um governo que vai olhar para as pessoas mais simples”, declarou Silva em seu discurso da vitória.
Apesar da vitória de Silva, Marco Aurélio foi o candidato que mais cresceu no segundo turno. O candidato do partido Novo dobrou a quantidade de votos recebidos; foram 64.598 votos a mais do que no primeiro turno. Já Silva, obteve 2.955 votos a mais do que no primeiro turno.
O prefeito recém-eleito assumirá o Executivo a partir do dia 1º de janeiro de 2025. Disputando o cargo pela segunda vez, Silva tem como vice o ex-vereador Alessandro Maraca (MDB) na coligação “Para Ribeirão Avançar”, que reúne nove partidos: PSD, MDB, PP, PL, Solidariedade, PDT, Republicanos, Avante e PRD. A chapa contou com o apoio do governador Tarcísio de Freitas (Podemos) e do deputado federal Baleia Rossi (MDB).
Filho do deputado estadual Rafael Silva, Ricardo iniciou sua carreira política em 2012, sendo o vereador mais votado da cidade. Em 2016, concorreu à prefeitura, mas perdeu no segundo turno. Com 39 anos, foi eleito suplente de deputado federal em 2018 e, em 2022, já no PSD, dobrou sua votação e conquistou um segundo mandato. Ricardo também atuou como Secretário de Desenvolvimento Econômico no governo de Márcio França e se destacou na comunicação com o programa “Rota da Verdade”. Formado em Direito e Filosofia, tem pós-graduação em Sociologia, é casado e pai de uma menina.
Filho do deputado estadual Rafael Silva, Ricardo iniciou sua carreira política em 2012, sendo o vereador mais votado da cidade – Foto: Luan Porto
ABSTENÇÃO
O segundo turno em Ribeirão Preto registrou um aumento na abstenção em comparação à primeira etapa de votação no município. Com 37,64%, 179.759 eleitores não compareceram às urnas. O índice de abstenção cresceu em relação ao primeiro turno, quando 33,51% do eleitorado não votou, representando 160.027 ribeirãopretanos.
Em relação aos votos brancos e nulos no segundo turno das eleições de 2024 em Ribeirão Preto, foram registrados 11.466 votos em branco, correspondendo a 3,85% do total, e 24.215 votos nulos, representando 8,13%. No primeiro turno, o município contabilizou 32.972 votos nulos (10,38%) e 19.407 votos em branco (6,11%). Somados aos votos brancos e nulos totalizam 215 mil eleitores, 45% da população apta a votar.
MAIOR ABSTENÇÃO NO SEGUNDO TURNO
Ribeirão Preto: 37,64%
Canoas (RS): 35,72%
Petrópolis: 35,69%
Franca (SP): 35,42%
Aparecida de Goiânia (GO): 35,25%
Porto Alegre (RS): 34,83%
São José do Rio Preto (SP): 34,48%
TRANSIÇÃO
O juiz federal aposentado Augusto Martinez Perez será o responsável por coordenar o gabinete de transição de Ricardo Silva. “Meu primeiro ato como prefeito eleito só poderia ser garantir a participação de um nome como o Dr. Augusto Martinez Perez neste momento tão importante para o início de nosso governo. Um homem que teve uma carreira irretocável como juiz federal e que tem uma experiência que fará toda a diferença neste processo”, declarou Silva.
De acordo com Ricardo Silva, a bagagem adquirida pelo magistrado, que também foi procurador e promotor de justiça, fará a diferença para que a nova gestão tenha um panorama da real situação da Prefeitura de Ribeirão Preto. O juiz federal falou sobre o sentimento ao ser escolhido para esse momento histórico. “É uma honra ter sido lembrando, já que tenho Ribeirão Preto dentro do meu coração. Conheço o plano de governo e sei que o Ricardo está realizando um sonho. Ele é ribeirão-pretano e tem um compromisso com as pessoas mais humildes. É uma honra e vou dar o meu melhor para conduzir a transição”, disse o novo coordenador.
O prefeito Duarte Nogueira (PSDB) nomeou o secretário de governo, Antônio Daas Abboud, para coordenar a transição do lado do atual governo. Nogueira assegurou transparência nos relatórios financeiros. Como o atual prefeito está no segundo mandato, a administração municipal volta a ter uma transição de prefeito para prefeito após 16 anos. Isso porque, o rito da transição não foi cumprido quando Nogueira assumiu o cargo em 2016, a ex-prefeita Dárcy Vera, que estava em seu segundo mandato, havia sido afastada e todo o alto escalão da administração pública e Câmara Municipal dos Vereadores eram citados pelos investigadores e promotores da Operação Sevandija.
ESPECULAÇÕES
Com a equipe de transição em atividade, começam também a especulação pelos nomes que irão compor o secretariado e ocupar os cargos comissionados do Executivo municipal. Membros das principais legendas articuladoras, como MDB, PP e PL deverão ser os mais beneficiados.
A reportagem entrou em contato com Marinho Silva, presidente municipal do MDB, um dos principais articuladores do deputado federal Baleia Rossi e do deputado estadual Leo Oliveira no município. “Acabamos a eleição do segundo turno e não temos nenhuma conversa [sobre ser secretário]. Se tem alguma informação no momento, ainda não procede. Eu sou e estou presidente municipal do diretório do MDB Ribeirão Preto”, afirmou Sampaio. Alessandro Maraca, vice-prefeito eleito também deverá receber uma secretária importante na estrutura administrativa.
Com início do processo de transição, começam as especulações para a composição do secretariado – Foto: Luan Porto
Pedro Leão, também do MDB e ex-secretário de Cultura e Turismo do governo Nogueira, também atuou ativamente na campanha de Silva. Sobre ser cotado para retornar à pasta, Leão afirmou que não faz parte da equipe de transição, mas que está à disposição do partido como esteve para a gestão Nogueira. “A decisão fica a cargo do presidente Baleia. Participei da campanha por acreditar no projeto Ricardo e Maraca para Ribeirão. Na plenária de Cultura que estive a frente o Ricardo manifestou esse interesse publicamente”, declarou.
Nomes como de Adriana Silva e Dulce Neves, da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto também são ventilados em áreas voltadas para educação e cultura. Apesar da especulação, Adriana declarou que ainda não foi procurada pela equipe do prefeito eleito.
O PP de Maurilio Romano Machado também deve ter uma parcela importante na administração municipal. Um nome forte da legenda, Daniel Gobbi atual vice-prefeito e vereador recém-eleito, afirmou que assumirá e cumprirá com seu mandato como vereador. O que abre brechas para especulações de quem serão os nomes indicados pela legenda e em quais secretarias. Já o PL, poderá contar com cargos comissionados estratégicos em autarquias como a RP Mobi.
CONFIRA ALGUMAS PROPOSTAS DO NOVO PREFEITO
- – Nenhuma obra será interrompida, mas aprimoramentos serão realizados para melhor resultado à população.
- – Todas as obras serão feitas com planejamento adequado e prazos rigorosos, com fiscalização constante.
- – Todos os aspectos do trânsito serão aprimorados, para que essa relação (Trânsito-Comércio-Desenvolvimento) seja inteligente e produtiva, com geração de empregos e crescimento ordenado.
- – Melhorar a fluidez do trânsito com semáforos interligados por inteligência, permitindo o fluxo constante de veículos, facilitando a circulação por ruas e avenidas.
- – Atualizar o plano de macrodrenagem e microdrenagem.
- – Fazer levantamento das dívidas da prefeitura para reorganizar o orçamento e reservar recursos para a construção de casas.
- – Analisar a estrutura da Cohab para avaliar sua capacidade de promover habitação na cidade.
- – Estabelecer políticas integradas para assistência à população em situação de rua, priorizando a localização de suas famílias. Oferecer abrigo com cultivo de hortas, cursos, atividades de lazer, reabilitação e reinserção no mercado de trabalho.
- – Buscar parcerias com universidades para que estudantes do último ano de psicologia atuem em estágios monitorados no atendimento a todas as idades.
- – Investir prioritariamente na Atenção Primária para reduzir a superlotação nas UPAs e promover melhorias.
- – Implementar um serviço de marcação de consultas fácil e eficiente, com sistema de alerta para o paciente um dia antes da consulta (mensagens por celular, e-mail ou ligação).
- – Realizar a contratação de médicos e reorganizar o atendimento em todas as especialidades.
- – Otimizar o uso das unidades básicas, especialmente no período da tarde, quando há menos movimento.
- – Avaliar a viabilidade de criar miniparques e pequenos bosques, abertos ao público, com brinquedos e pistas de caminhada, priorizando bairros com menos árvores.
- – Analisar a viabilidade de instalar placas de energia solar em áreas da Saerp e outros espaços públicos para reduzir gastos com energia elétrica.
- – Criar o Museu da Cerveja e do Chope
- – Construir creches nas regiões com falta de vagas para que nenhuma criança fique fora da escola.
- – Contratar profissionais habilitados em educação especial para crianças e jovens com deficiência.
- – Formar educadores, oferecendo apoio para pós-graduação, mestrados e doutorados a professores e gestores.
HOSPITAL DAS CLÍNICAS
A construção da nova Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HCUE) não figura no plano de governo de Ricardo Silva como uma das metas a serem executadas pelo governo municipal.
Todavia, o prefeito eleito menciona a destinação de recursos de seu mandato como deputado para o início das obras. “Uma das maiores felicidades, em toda a minha vida, é poder contribuir para que nossa cidade possa ter um novo hospital. São R$ 30 milhões, que destinei de recursos do meu mandato, para a construção da nova Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas”, afirma o plano de governo de Silva. Apesar da articulação de Silva, agora, cabe ao governo do Estado de São Paulo dar seguimento à obra.