Cientistas desenvolvem vacina que inclui todos os subtipos conhecidos do vírus da gripe

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Testes em animais mostraram que imunizante foi capaz de prevenir infecções; estudos em humanos devem começar em 2023

A vacina anual contra a gripe pode se tornar diferente em um futuro próximo. Todos os anos, a injeção contempla de três a quatro cepas do vírus influenza que normalmente circulam na estação.

Agora, cientistas dos Estados Unidos e do Canadá, financiados pelo governo norte-americano, avançaram no desenvolvimento de um imunizante que inclui todas os 20 subtipos conhecidos do vírus causador da gripe. Se avançar, será uma vacina com o mais alto nível de proteção que se obteve historicamente.

As vacinas usadas mundialmente conseguem evitar principalmente o agravamento do quadros gripais em pessoas mais vulneráveis, mas é muito comum que pessoas vacinadas fiquem gripadas ao longo do ano.

“É difícil criar vacinas pré-pandêmicas eficazes porque é incerto qual subtipo do vírus influenza causará a próxima pandemia”, dizem os autores em um artigo publicado no fim de novembro na revista Science.

O imunizante em estudo utiliza a mesma tecnologia de algumas vacinas anti-Covid (Pfizer e Moderna), de RNA mensageiro, que se mostraram eficazes desde o início de seu uso em massa.

Os cientistas conseguiram criar um método para codificar antígenos de todos os 20 subtipos conhecidos de influenza A e as linhagens do vírus influenza B.

“Esta vacina multivalente provocou altos níveis de anticorpos de reação cruzada e específicos de subtipo em camundongos e furões que reagiram a todos os 20 antígenos codificados. A vacinação protegeu camundongos e furões desafiados com cepas virais correspondentes e incompatíveis, e essa proteção foi pelo menos parcialmente dependente de anticorpo”, descrevem.

Não é a primeira vez que cientistas tentam criar uma vacina universal contra a gripe. Entretanto, os estudos anteriores se concentraram principalmente em um número limitado de antígenos conservados.

O antígeno é uma proteína ou qualquer outra substância que vai induzir uma resposta imune contra um agente invasor, no caso o vírus da gripe.

Os antígenos conservados são aqueles que tendem a permanecer no organismo ao longo do tempo.

Mesmo em vírus influenza diferentes, os antígenos conservados serão muito semelhantes, o que, na prática, faz com que seja inviável aumentá-los com os métodos atuais de produção de vacinas.

Normalmente, essas proteínas são isoladas a partir do cultivo do vírus da gripe em ovos de galinhas.

A tecnologia de RNA mensageiro permitiu, então, codificar mais do que os quatro antígenos usados nas vacinas tradicionais.

Os resultados dos testes em animais foram considerados promissores. Os pesquisadores pretendem iniciar já em 2023 a fase 1 de testes em humanos.


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