Com 30 pontos e fundamental também na defesa, ponteira é exaltada por Zé Roberto e companheiras após vitória sobre a Itália no Mundial de vôlei: “Um espetáculo”, elogia o técnico
O sorriso largo na entrevista não deixava transparecer qualquer cansaço. Mas, para liderar o Brasil à vitória contra a Itália pelo Mundial de vôlei feminino, Gabi precisou ir ao limite. Na quadra do ginásio em Roterdã, perdeu a conta de quantos saltos deu. Pouco importa.
– Não faço ideia. Eu estava no “flow”, como se diz (risos). Eu estava pensando em dar nelas, em pontuar. Tudo para ganhar essa partida.
A obsessão de Gabi foi carregada pelo incentivo das outras jogadoras. A capitã deixou a partida com 30 pontos. Apenas sete pontos abaixo de Paola Egonu, principal pontuadora da partida. Mas, ao contrário da rival, a ponteira também tem suas funções defensivas no fundo da quadra. Ao se multiplicar, Gabi liderou o Brasil a uma vitória aguda. No fim, porém, fica na cabeça o grito das companheiras a cada ataque.
– Foi engraçado. Eu lembro das meninas gritando: “Dá nelas, Gabi!”. É isso. Se a gente jogar com essa postura, com essa confiança, uma ajudando a outra, fica fácil. Porque fica parecendo que “eu que fiz isso e não sei o que”. Mas, com essa energia do time, esquece cansaço, esquece o quanto saltou.
Ao final da vitória, que deu início à segunda fase do Mundial, a jogadora foi exaltada pelas companheiras. Carol, outro destaque da partida, brincou e disse que o time até se ofereceu para dar conta de qualquer tarefa da capitã após o jogo. Tudo para que Gabi conseguisse descansar.
– Gabi é excepcional. É a nossa grande inspiração. A responsabilidade que ela pega. Ela merece demais brilhar. A gente brincou lá atrás: o que ela quiser, a gente carrega para ela hoje. Lavamos a roupa, comida na boca (risos). Tudo para ela recuperar bem porque ainda temos um monte de jogos pela frente. É muito bom jogar ao lado dela – disse a central.
Antes do Mundial, Gabi detalhou ao ge seu processo de mudanças de hábitos para que conseguisse atingir o seu auge. Depois de uma temporada perfeita em seu clube, o Vakifbank, tem sido a principal jogadora da seleção no Mundial.
– Tenho feito um trabalho mental, físico. Eu entendi que para jogar nesse nível, saltando o tempo inteiro, eu preciso ter um diferencial. Com 1,80m, eu não vou dar conta o tempo inteiro. Hoje eu fiz uma grande partida, mas o time foi absurdo. E a minha energia, essa coisa de aguentar (sempre no limite), foi o time. Todo mundo puxando o tempo inteiro.
Zé Roberto também deixou a quadra feliz com o desempenho da pupila. O treinador exaltou a atuação de Gabi em todos os pontos na partida.
– Gabi jogou muito. Comandou o fundo, a rede. Atacou, contra-atacou. Foi excepcional, um espetáculo. O que ela se virou nas bolas difíceis. Defendeu, passou, sacou bem. Movimentos precisos. Para mim, foi a melhor jogadora disparada. Fico muito orgulhoso do que ela fez, de como jogou. Um espetáculo.
A vitória dá gás para o Brasil em busca de um título inédito. No Mundial, cada seleção carrega os pontos da primeira fase para a segunda. A equipe de Gabi soma 14 pontos, ainda atrás de Itália, com 16, e Japão, com 15. Mas a capitã acredita que, se o time mantiver a mesma postura na sequência da competição, tem muitas chances de chegar ao topo.
– A gente mudou a postura desde o jogo contra a China. Se a gente mantiver, fica difícil de segurar. A gente tem a capacidade, jogando dessa maneira, de jogar de igual com todos os favoritos. Temos de ter o pé no chão, entender que tem muita coisa pela frente ainda. Mas frisar a nossa postura. Independentemente de quem venha, favoritos ou não. É entender que, se a gente jogar com postura, acreditando e se ajudando, entendendo o que precisa ser feito, vai ser difícil de segurar a gente.
A seleção volta à quadra nesta quinta-feira. O Brasil enfrenta Porto Rico, seu segundo rival nesta segunda fase, às 11h.
