Dólar fecha em alta, a R$ 5,42, e Ibovespa cai, com expectativa de juros e risco fiscal

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Mercado mantém cautela às vésperas de decisão da taxa Selic pelo Copom e de discussões no governo federal sobre gasto público

O dólar começou a semana pressionado e fechou nesta segunda-feira (17) a R$ 5,42, uma alta de 0,74%. No radar, estão a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidirá sobre a taxa básica de juros, a Selic, nesta quarta-feira, e discussões do governo federal para tratar dos gastos públicos. Além da retomada das apostas em juros mais altos nos Estados Unidos.

Ibovespa fechou em queda, em meio à cautela antes da decisão de juros. A principal referência da B3 terminou o dia em baixa de 0,44%, aos 119.137,86 pontos, após oscilar entre máxima, a 119.663,06 pontos, e mínima, a 118.685,10 pontos.

Com ruídos em torno da condução da política fiscal brasileira, o mercado elevou a projeção da Selic para 2024 a 10,50% ao ano, conforme mostra a última edição do Boletim Focus. Há uma semana, a projeção estava em 10,25% ao ano e, há um mês, o patamar era de 10%.

Para Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, as preocupações fiscais também afetaram o desempenho da Bolsa brasileira nesta segunda-feira. “O governo tendo um posicionamento desarticulado e embates com o Congresso faz com que os investidores fiquem um pouco mais receosos e gera um menor apetite ao risco. Temos muitos estrangeiros saindo da Bolsa, o que faz com que tenha mais volatilidade nos papéis também”, afirma a analista.

Agentes do mercado esperam com ceticismo um anúncio de medidas de redução nas despesas públicas, como prometido pelo governo na última semana. “A insegurança dos investidores, principalmente em relação ao corte de despesas, tem feito com que o dólar esteja bem esticado em sua cotação. Apesar dos discursos de Haddad e Tebet na linha de rever as despesas, o mercado aguarda atitudes mais concretas”, explica Elson Gusmão, diretor de Câmbio da Ourominas.

Pela manhã, a moeda chegou a bater novamente os R$ 5,43, refletindo as mudanças trazidas pelo Boletim Focus. Em meio a um processo de desancoragem das expectativas de inflação, causado pelo impasse na política fiscal, o mercado elevou a projeção de Selic ao final de 2024 para 10,50% ao ano. Na semana passada, a expectativa era de um juros a 10,25% em dezembro; há um mês, de 10,0%.

Isso significa que o ciclo de afrouxamento monetário, em vigor desde agosto de 2023, pode ter chegado ao fim. A expectativa geral é que o Comitê de Política Monetária (Copom) decida pela manutenção da taxa Selic na decisão da quarta-feira (19).


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