Google e Microsoft anunciaram, nesta semana, que demitirão mais de 10.000 funcionários, cada uma
O ano das big techs começou exatamente como terminou 2022: com o comunicado de demissões, multas, reestruturação de negócios e turbulência. A Alphabet, controladora do Google, anunciou hoje a demissão de 12 mil funcionários nos próximos meses, o que seria uma resposta a “uma realidade econômica distinta que enfrentamos hoje”.
Na quarta-feira (18), a Microsoft divulgou medidas similares para reduzir o custo de suas operações, o que inclui a demissão de 10 mil funcionários, até março. A justificativa é a mesma apresentada pela direção do Google, e seria uma resposta “às condições macroeconômicas” adversas.
O Twitter enfrenta sua própria tempestade, após a rede social ser comprada pelo bilionário Elon Musk. Com a necessidade de cortar custos para pagar a dívida da compra, Musk demitiu mais da metade da força de trabalho da plataforma, parou de pagar alugueis, leiloou objetos, livrou-se de centros de processamento de dados e até mesmo deixou escritórios sem itens básicos, como papel higiênico.
No final de janeiro, Elon precisará pagar uma parcela de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,8 bilhões) em juros da dívida de US$ 13 bilhões contraída por ele para pagar a compra da plataforma. Em reunião com funcionários, ele chegou a dizer que existe a possibilidade de a empresa pedir falência.
Saindo da pandemia, os cortes de empregos em 2022 aumentaram 649% em relação a 2021, liderados por companhias de tecnologia, de acordo com a empresa de coaching Challenger, Gray & Christmas.
A queda na demanda em meio a um forte aumento nos custos de empréstimos levou vários executivos do setor a admitir que contrataram em excesso durante a crise da Covid-19.
O desdobramento da crise que corrói o valor de mercado das maiores empresas de tecnologia do mundo já era esperado por especialistas, que anunciaram que o cenário deve ser igualmente desafiador em 2023.
Conteúdo sem pagamento
As big techs também enfrentam ameaças de reguladores de mercado e multas altíssimas. Principalmente porque faturam bilhões de dólares com a venda de dados de usuários para gerar publicidade direcionada.
O domínio monopolista desse mercado causou também fortes atritos com empresas de comunicação, que se opõem fortemente à exibição de notícias em plataformas como o Google e Facebook sem serem pagas.
Países como Austrália, Nova Zelândia, Canadá e França já criaram leis que exigem o pagamento por conteúdos do tipo, o que fez tais empresas negociarem com portais e editoras para evitarem encerrar operações nesses países.
“É fundamental que aqueles que se beneficiam de seu conteúdo de notícias realmente paguem por isso”, ressaltou o ministro neozelandês da Radiodifusão, Willie Jackson, quando apresentou o projeto de lei, em dezembro.
A necessidade de oferecer anúncios publicitários direcionados, baseados em recolhimento de dados de usuários, fez também essas empresas enfrentarem a oposição de ativistas de privacidade, que argumentam que tais práticas são invasivas.