Grão já é utilizado como opção de segunda safra em Mato Grosso em substituição ao cereal em casos de risco de janela ideal
Visto como alternativa de segunda safra, o sorgo pode se tornar um grande aliado da indústria de etanol de milho e alimentação humana e animal. Especialistas pontuam que a cultura, além de responder muito bem ao investimento, auxilia a diminuir os riscos nas lavouras tardias, não só climáticos, mas de cigarrinha também.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apresentados no sétimo levantamento de safra, apontam para o Brasil uma produção de aproximadamente 3,6 milhões de toneladas de sorgo no ciclo 2022/23. Um aumento de 26,2% ante a temporada passada, na qual 2,9 milhões de toneladas foram colhidas.
Somente em Mato Grosso são esperadas 172,8 mil toneladas de sorgo.
“O sorgo tem um desempenho em produção de etanol muito semelhante ao milho. O sorgo entraria muito bem para complementar esse volume de milho, principalmente para essas janelas de maior risco, onde o milho está entrando com baixas produtividades, maior risco de enfezamento”, comentou o gerente de agronomia da Corteva, Juliano Andrades, durante o Fórum Técnico Mais Milho, em Sinop, no último dia 19 de abril.
O especialista pontuou ainda que Mato Grosso poderia ser um grande player no mercado brasileiro de sorgo pensando na disponibilidade do produto para etanol.
“Claro, que é uma cultura que vai precisar de um estudo bastante grande, de pesquisas, assim como o milho, que já tem 15 anos de estudos na qualidade dos seus sub-produtos”.
Mercado da alimentação é considerado promissor
Além do etanol, a indústria de alimentos, em especial de proteína animal, é tido como um mercado em potencial para o sorgo, em alguns casos, salientou Juliano, até mesmo substituindo o milho em rações para bovinos, suínos, aves e até na indústria pet.
“É um produto interessante para alimentação humana [também]. Hoje, muitas pessoas que tem tolerância ao glúten e ele entra muito bem como substituição. É um produto que tem uma demanda muito alta para esses mercados e a gente vê como uma possibilidade de crescimento excepcional”.
Menor risco climático e cigarrinha
Segundo o gerente de agronomia da Corteva, entre as vantagens do cultivo do sorgo está o fato de não sofrer com a cigarrinha.
“Essa é uma importante vantagem, principalmente nestes plantios mais tardios, onde a gente consegue ajustar isso, diminuindo os riscos, não só climáticos, mas os problemas de cigarrinha”.