Mesmo com alterações nas políticas imigratórias, turismo se mantém como setor importante da economia americana
Os vistos americanos de turismo, de viagem de negócios e de trabalho não têm previsão de mudança para os brasileiros que pretendem ir aos Estados Unidos. Segundo advogados especializados em direito internacional e de imigração, mesmo com alterações nas políticas imigratórias do novo governo, turismo se mantém como setor importante da economia americana.
Além das atrações turísticas tradicionais, os Estados Unidos vão sediar grandes eventos esportivos neste e nos próximos anos, como o Mundial de Clubes, entre junho e julho de 2025, Copa do Mundo, em 2026, e as Olimpíadas, em 2028. Segundo o World Travel & Tourism Councl, as viagens movimentaram US$ 2,36 trilhões no país em 2023.
“A manutenção de um fluxo saudável de visitantes internacionais é de interesse estratégico para o país”, afirma Murtaz Navsariwala, advogado especialista em imigração para os EUA.
Para ele, o processo de solicitação de vistos pode passar por ajustes pontuais, com o aumento dos prazos para agendamento de entrevistas ou a análise mais rigorosa da documentação. Mas nada que altere o acesso.
“Os vistos destinados a viagens de negócios (B1) ou turismo (B2) permanecem como uma das formas mais comuns e acessíveis para visitar os Estados Unidos. Apesar de potenciais mudanças nas políticas imigratórias, as viagens de turismo e negócios continuam sendo reconhecidas como cruciais para a economia americana”, acrescenta Navsariwala.
Ele recomenda que os solicitantes de vistos apresentem uma aplicação clara e levem à entrevista evidências que demonstrem vínculos sólidos com o país de origem, como emprego estável, propriedades ou laços familiares. “Esses fatores ajudam a reforçar que não há intenção de permanecer nos Estados Unidos, além do período permitido”, explica o advogado.
‘Nada mudou’
O empresário Jorge Leite, da 365 Vistos, tem a mesma opinião. “O turismo é uma indústria limpa que movimenta bilhões de dólares nos Estados Unidos. Então as pessoas podem tranquilamente dar andamento no processo do visto, porque nada mudou e, a princípio, não deve mudar”, avalia Leite.
Ele destaca que, além de o visto dar acesso aos grandes eventos que vão acontecer nos Estados Unidos, também pode ser usado em viagens para conhecer empresas e fazer negócios. Segundo Leite, o processo do visto de turismo é o mais rápido, podendo demorar de 10 a 15 dias, pela agência, com validade de 10 anos.
Atualmente o tempo médio no país para tirar o visto é de 21,4 dias para entrevista e de 1,6 dia para renovação sem entrevista. Mas, na capita paulista, a espera pode chegar a 31 dias, segundo levantamento do Panrotas.
Para o advogado Daniel Toledo, que atua na área do direito internacional, cada vez mais os consulados estão restritivos na hora de conceder o visto. Por isso, ele sugere que as pessoas sempre demonstrem fortes vínculos com o seu país de origem.
“É importante que elas mostrem ter um trabalho estável e rentável, que justifiquem a viagem internacional, inclusive com custos pagos, e que demonstrem ainda a intenção de voltar”, orienta o advogado do escritório Toledo e Associados, com unidades no Brasil e nos Estados Unidos.
Ele acredita que o novo governo americano não deve mexer nos vistos de residentes, aqueles que concedem green card, como, por exemplo, os vistos B1, B2, B3, B4 e B5.
Para trabalhar
Os especialistas afirmam que, para profissionais qualificados que atendem às necessidades do mercado de trabalho americano, a imigração para os Estados Unidos permanece uma possibilidade concreta. Mas é preciso orientação de especialistas.
“Embora o governo Trump tenha historicamente adotado políticas imigratórias mais restritivas para limitar a imigração ilegal e combater abusos no sistema, há um reconhecimento claro de que atrair talentos globais é essencial para manter a competitividade econômica e tecnológica do país”, avalia Murtaz Navsariwala.
Segundo ele, programas como o visto H-1B para profissionais especializados, os vistos EB-1 e EB-2 para trabalhadores altamente qualificados, e o EB-5 para investidores permanecem ativos e desempenham um papel crucial na atração de talentos e recursos.
“Os Estados Unidos valorizam profissionais que trazem inovação, criatividade e soluções para os desafios do país. Além disso, alguns colaboradores próximos ao ex-presidente Trump, particularmente no setor de tecnologia, como Elon Musk, defendem a importância desses vistos para suprir a crescente demanda por profissionais qualificados”, acrescenta o advogado.
A orientação para quem pretende trabalhar nos Estados Unidos é preparar uma solicitação sólida que destaque qualificações acadêmicas, experiência profissional e potencial de contribuição econômica. “Além disso, a consulta com um advogado especializado é essencial para criar uma estratégia personalizada e aumentar as chances de sucesso no processo”, conclui.
Imigrantes legais
Roberto Spighel, CEO e fundador da SG Global Group, consultoria de imigração e moradia nos Estados Unidos, acredita que a maior expectativa é de como o novo governo vai fazer para tornar o processo de imigração mais ágil.
“Falando sobre a expectativa do que vai acontecer em relação aos vistos, principalmente dos vistos de permanência nos EUA com o governo Trump, primeiro, ele possui um desafio muito grande de diminuir as filas ou tentar diminuir a burocracia, porque essas filas estão aumentando com o passar do tempo”, afirma Spighel.
Segundo ele, o desafio está em acelerar os processos para que os imigrantes legais consigam fazer isso em um tempo justo. “O que se espera é que a imigração tenha mais verba e condições de contratar pessoas para acelerar os processos de todos os imigrantes”, acrescenta.
O que é preciso para tirar o visto americano de turismo
- Ter passaporte válido
- Preencher o formulário DS-160 (disponível no site do Consulado dos EUA)
- Pagar a taxa de solicitação do visto, de US$ 185 (R$ 1.095,2)
- Agendar a entrevista e a visita ao Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto (CASV)
- Comparecer ao CASV para a coleta de impressões digitais e foto