Entenda a onda de calor extremo que afeta o Brasil

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Temperaturas podem ficar acima de 40 °C em 15 estados, do Paraná ao Amazonas

Na reta final do inverno de 2023, os termômetros seguem registrando números altíssimos em todo o Brasil. E, segundo previsão da MetSul Meteorologia, a expectativa é que a onda de calor extremo se mantenha nos próximos dias com valores históricos de temperatura máxima nas cinco regiões do país. Entenda o que está por trás disso:

Estael Sias, da MetSul, esclarece que extremos de calor não são incomuns durante a transição entre o inverno e a primavera. No entanto, a previsão aponta para um cenário fora do habitual. A principal responsável pela onda de calor extremo é uma bolha de ar quente que atua entre o Paraguai e o Centro-Oeste brasileiro.

Marcas perto ou acima de 40°C estão previstas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Rondônia, Amazonas, Pará, Tocantins, Bahia, Piauí, Maranhão, Paraná e Mato Grosso do Sul.

“No meio da semana, o ar excessivamente quente se desloca mais na direção do centro do Brasil e na segunda metade da semana ganha mais força entre o Sul, o Centro-oeste e a Região Sudeste”, esclarece Estael.

Bolha de calor

A bolha — ou cúpula — de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo, “assim como uma tampa em uma panela”, explica relatório da Metsul.

Bolha de calor dificulta entrada da frente fria no país — Foto: Metsul/ Reprodução
Bolha de calor dificulta entrada da frente fria no país — Foto: Metsul/ Reprodução

Ainda segundo a MetSul, a cúpula de ar quente atua desviando os sistemas meteorológicos, como possíveis frentes frias, impossibilitando a mudança de temperatura. “À medida que o sistema de alta pressão se instala em determinada região, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de nuvens”, completa.

Previsão do tempo

A cidade de São Paulo já bateu o recorde anual no último domingo (18/09) com 33,9 °C — 0,6 °C que o registrado na última quinta-feira (13/09). “Com a configuração de uma onda de calor, este valor pode ser superado ainda hoje e, também, no próximo fim de semana”, alerta o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

A maior temperatura do dia no país atingiu a cidade de Água Clara, no Mato Grosso do Sul, com 40,6° C. De acordo com o Inmet, o município de Porto Murtinho, no mesmo estado, também foi destaque com termômetros marcando 40,3 °C.

“A chuva deve ficar abaixo da média na enorme maioria dos estados do país, mas seguirá muito acima da climatologia histórica no Rio Grande do Sul, com excesso de precipitação”, informa Estael Sias.

A região, que ainda lida com os prejuízos do ciclone extratropical, arrisca enfrentar temporais fortes severos com chuva forte, raios, ventania e granizo.

No Centro-oeste e Sudeste, o calor excessivo pode resultar em chuvas passageiras. 

Outros responsáveis

O cenário também é um reflexo da atuação do El Niño, fenômeno relacionado ao aumento da temperatura do mar do Pacífico, e das mudanças climáticas globais. Para Alexandre Nascimento, meteorologista da Nottus, a intensidade dos eventos cada vez mais descontrolados está ligada ao consumo exacerbado dos recursos naturais do planeta.

Para o início da primavera, no final de setembro, a expectativa é que o calor intenso permaneça e novos eventos climáticos severos atinjam o país. “Calor e umidade são ingredientes para chuva fortes e temporais. Só é difícil prever quando e em que local eles acontecerão”, alerta Willians Bini, meteorologista e head de comunicação da Climatempo.


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