Apesar da desaceleração de 0,73%, medida pelo IPCA-15 de agosto, deflação está abaixo das projeções do mercado, de 0,83%
A redução do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) aplicada à tarifa de energia elétrica residencial e aos preços dos combustíveis foi a principal responsável pela deflação de 0,73% registrada em agosto pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15), divulgado nesta quarta-feira (24) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, apesar da desaceleração, a queda na inflação de agosto veio abaixo das projeções do banco, que eram de -0,82%, e também estão abaixo das expectativas do mercado, de -0,83%. Em 12 meses o IPCA-15 acumula alta de 9,60%.
“Pelos nossos cálculos, a queda de preços dos combustíveis e energia elétrica contribuiu com -1,19 p.p. [ponto percentual] do resultado do IPCA-15 de agosto. Se não tivéssemos a redução do ICMS sobre esse grupo, teríamos registrado uma inflação de 0,46% no mês. Também pesou para o resultado, em menor magnitude, as reduções de preços de combustíveis anunciadas pela Petrobras”, explica Claudia.
A economista diz que, olhando para a composição da inflação, ela continua pressionada. “A queda dos preços administrados, como combustíveis e energia, é pontual e não interfere na dinâmica da inflação à frente. Já os preços de bens industriais, que apresentavam tendência de desaceleração, vieram mais altos que o esperado. Além disso, não há sinais de alívio na inflação de serviços”, esclarece.
Para Julia Gottlieb, Julia Passabom e Luciana Rabelo, economistas do Itaú-Unibanco, a alimentação no domicílio continua mostrando variação positiva, que pode ser explicada pelo aumento dos preços de carne e leite. “Este último item já começa a mostrar sinais de alívio na margem, e deve contribuir para deflação no grupo alimentação nos próximos meses, entre os produtos de preços livres”, avaliam.
Elas dizem que a deflação de agosto, além de refletir o impacto das medidas tributárias, confirma a leitura feita anteriormente pelos analistas da instituição, de um cenário de desinflação gradual ao longo dos próximos meses. Para o fim de 2022, elas mantêm a projeção para o IPCA em 7%.
Os dados divulgados pelo IBGE, segundo Claudia, reforçam a previsão do C6 Bank, de uma inflação de 6,5% no fim do ano. “O cenário deve seguir desafiador em 2023, quando deveremos ter uma inflação de 5,7%”, finaliza.